segunda-feira, 15 de junho de 2009

Estímulo nos três primeiros anos é fundamental
Para a neurocientista Lisa Freund, que participou do Seminário Internacional de Educação Infantil em Brasília, ler para as crianças é um dos principais combustíveis do desenvolvimento cerebral
Gisela Blanco (novaescola@atleitor.com.br)

Como podemos estimular o bom desenvolvimento do cérebro infantil? Para a neurocientista americana Lisa Freund, a resposta é simples e envolve fatores muito próximos à criança. A interatividade é peça chave. Tarefas cotidianas como conversar com os bebês e levar as crianças para passeios no parque estimulam a concentração e o foco. O contato com pais e educadores nos primeiros anos de vida também ajuda no desenvolvimento e na capacidade cognitiva da criança. De acordo com ela, até os dois anos de idade, o cérebro atinge 80% do tamanho adulto. "Mas ele nunca pára de se desenvolver. Nos primeiros três anos de vida, o potencial é enorme e costuma ser pouco explorado". Segundo ela, essa é a fase crucial para estimular as áreas do lobo frontal associadas a linguagem, movimento, cognição social, auto-regulação e solução de problemas. "Os resultados vão se refletir por toda a vida", garante a pesquisadora.

Sempre enfatizando a importância do estímulo à leitura, Lisa mostrou imagens da atividade cerebral de duas crianças de seis anos. Uma delas lia sem dificuldades. A outra, foi abandonada pelos pais, não teve um bom acompanhamento educacional e lia com dificuldades. "As imagens nos mostram que a atividade cerebral da primeira criança era notavelmente maior do que a da segunda", explicou.

Em conversa com NOVA ESCOLA ON-LINE, Lisa Freund reafirmou a importância da leitura e disse que o simples ato de abrir um livro ou uma revista em frente à criança já é um estímulo. "Eles começam a entender que ali existe alguma coisa que vale a pena conferir. Quanto mais cedo a criança puder pegar em livros, melhor".

A enfermeira e pedagoga Maria Amélia Martins da Cruz, de 40 anos, que trabalha com crianças de zero a três anos, afirma que vai colocar em prática na sala o que aprendeu. "Minha visão sobre o comportamento das crianças e o funcionamento do cérebro foi ampliada. Ficou mais fácil saber como conseguir o máximo dos meus alunos", analisou.

O professor Marcus Maciel, de 46 anos, afirma que também vai aproveitar as dicas. Ele trabalha com gestão de ensino para a Educação Infantil no Centro Regional de Ensino do Recanto das Emas, cidade satélite do Distrito Federal. "Vou levar para os meus coordenadores a idéia de que as crianças precisam ser escutadas para se desenvolver bem. Muitas linhas de estudo vêm defendendo isso, o que ficou provado aqui no seminário", diz.

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